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Mudanças no clima também podem causar depressão?

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Jussara Prado

CRP 08/PJ-02243
Mulher Cis Bissexual [ela/dela]

Uma mulher reflexiva dentro do carro num dia chuvoso.

De acordo com especialistas do Painel Internacional Sobre Mudança Climática (IPCC), o último relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) prevê que a temperatura da superfície da Terra continuará aumentando até o fim deste século, podendo ocorrer um aquecimento global acima de 1,5º C e 2º C. O estudo realça a influência humana no aquecimento do planeta em um ritmo nunca visto nos últimos 2 mil anos.

As mudanças na temperatura e nos extremos climáticos afetarão todas as regiões do mundo, podendo também afetar a saúde mental dos seres humanos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 450 milhões de pessoas são afetadas diretamente por transtornos mentais no mundo e, até 2030, a depressão deve se tornar a doença mais comum no planeta, afetando mais pessoas do que outras enfermidades, como Aids, câncer e doenças cardíacas.

Considero útil investigar a associação entre sintomas depressivos e alguma estação específica do ano, principalmente diante das intensas mudanças climáticas que o mundo está vivenciando. O transtorno afetivo sazonal, ou depressão sazonal, é uma forma da depressão associada a mudanças climáticas, e alguns fatores são apontados como decisivos na sazonalidade do humor, como quantidade de luz, temperatura durante o dia e o aumento da umidade.

Existe tanto a forma da depressão sazonal do outono/inverno, em que há uma redução do período de luz solar, afetando o ciclo circadiano [ritmo biológico de 24 horas que responde à luz e sua ausência no ambiente] e a secreção de melatonina [hormônio responsável por induzir o sono], quanto do verão, na qual os sintomas são opostos, como a falta de sono e a perda do apetite. 

Os principais sintomas da depressão sazonal são humor depressivo, irritabilidade, ansiedade, sentimentos de culpa e autodesvalorização, fadiga, insônia ou hipersonia, mudanças no apetite e alterações no peso, agitação ou inibição, desconcentração, ideias de morte ou de suicídio e diminuição da libido.

O tratamento pode incluir medicamentos antidepressivos, psicoterapia, fototerapia (exposição à luz ultravioleta), dieta e exercício, usados isoladamente ou em combinação. Mas é necessário procurar um profissional da saúde mental para que o diagnóstico seja realizado corretamente. E, claro, ter sempre em mente que alguns desconfortos em relação ao frio ou calor existem, e são naturais, mas que nós podemos contribuir para a questão ambiental. O importante é ficar de olho quando esses sintomas prejudicam a funcionalidade da vida.

A Autenticah é um centro de saúde transdisciplinar dedicado a fornecer suporte emocional e mental para a comunidade LGBTQIAPN+.

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