BLOG

LGBTQIAPN+ na sociedade LGBTIfóbica.

Picture of Jussara Prado

Jussara Prado

CRP 08/PJ-02243
Mulher Cis Bissexual [ela/dela]

A nossa sociedade é moldada a partir de normas e padrões, usando como referência o homem branco, heterossexual, urbano, de classe média e cristão, com o objetivo de disciplinar e controlar. Tudo o que vai contra esse padrão é visto como “anormal”, estando vulnerável a qualquer tipo de violência. Toda e qualquer pessoa que vá em desencontro com tais características passa a ser vista como uma pessoa “sem valor” social, como é o caso das pessoas LGBTs, que são julgadas, humilhadas, escrachadas, violentadas e assassinadas apenas por ser o que são e amar à sua maneira.

O Brasil continua sendo um dos países mais LGBTfóbicos do mundo. Atualmente, o Brasil é o país que mais mata transsexuais, sendo eleito pela 12ª vez em um levantamento realizado pela Associação Nacional de Transexuais e Travestis (Antra) em 2020. Só em 2019, 329 pessoas LGBTs foram assassinadas no país.

A homofobia engloba atitudes preconceituosas e negativas em relação a tudo o que se refere ao universo homossexual (LGBTQIA+), tais como aversão, desprezo, ódio, desconfiança, desconforto ou medo. O homofóbico também pode ser chamado de “homoignorante”, como forma de ressaltar o desconhecimento de muitos heterossexuais acerca da homossexualidade.

A homofobia social e cultural tem como base a crença de que tudo o que foge do padrão ameaça a estrutura social patriarcal, na qual os valores masculinos predominam. Dessa forma, o homossexual é identificado como feminino, logo, é considerado inferior na escala social. Isso significa que as mulheres também são consideradas inferiores dentro da lógica do padrão da sociedade heteronormativa, que revela uma imposição social para ser ou se comportar de acordo com os papéis de cada gênero. 

A homofobia vai além da utilização de termos pejorativos para designar as pessoas LGBTs (bicha, boiola, sapatão, traveco) e está presente quando se invisibiliza e se desconsidera as estatísticas sobre o tamanho dessa população e a sua importância social. Você tem noção do tamanho da comunidade LGBTQIA+ de Ponta Grossa e Campos Gerais? E, quando dá visibilidade, a mídia muitas vezes o faz de forma preconceituosa.

Também é homofobia quando a sociedade nega as contribuições e realizações positivas de pessoas LGBTs nos campos cultural, científico, artístico, político etc. Você sabia que hoje temos computadores graças ao “pai da computação moderna”, Alan Turing, que era homossexual? 

A forma mais evidente que temos da homofobia enraizada e institucionalizada na nossa sociedade é a suposição de que todos são heterossexuais, é a suposição que faz as dizerem, nos chás de bebês, “se for menina é rosa e menino é azul”.

É homofobia quando projetamos comportamentos, atitudes e crenças sobre as pessoas LGBTs, reproduzindo estereótipos negativos, como, por exemplo, dizer que homossexuais são molestadores sexuais ou que são promíscuos.

A homossexualidade deixou de ser considerada doença mental em 1990 pela Organização Mundial da Saúde (OMS). E, em 1999, o Conselho Federal de Psicologia se pronunciou oficialmente através da Resolução 01/1999, não reconhecendo a homossexualidade como doença, distúrbio ou perversão, mas como uma das possibilidades de expressão da sexualidade, proibindo, inclusive, qualquer prática que tenha como objetivo “curar” os sujeitos homossexuais.

A identidade homossexual é uma expressão natural da sexualidade humana e não é inferior à identidade heterossexual. O maior problema, e o principal responsável por muitos conflitos internos das pessoas LGBTs, é a própria homofobia incrustada no meio em que são criadas. O profissional de psicologia que atende tais pessoas precisa compreender esse contexto e ajudá-las a desenvolver uma identidade positiva, transmitindo profundo respeito por sua sexualidade, autenticidade, cultura e estilo de vida. 

As pessoas LGBTs crescem e vivem em um ambiente heterocentrado e homofóbico, sendo constantemente bombardeadas com significados negativos sobre si mesmas e a sua natureza, além de estarem sujeitas a diversas formas de abuso, violência e discriminação. É papel da psicóloga ajudar o paciente a compreender que tais sentimentos negativos são resultado da opressão social ao qual foram expostas, e não de uma sexualidade patológica.

Gostou do conteúdo? Compartilhe nas suas redes sociais.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *