Cura Gay, terapias de conversão e reversão na prática Psi.

A Autenticah é um centro de saúde transdisciplinar dedicado a fornecer suporte emocional e mental para a comunidade LGBTQIAPN+.

A Psi pode praticar a “cura gay” ou outras “terapias” corretivas e de conversão? Alerta de Spoiler: Não. E por que esse tipo de coisa acontece? A medicina e a psicologia desde o início, ao falar sobre sexualidade, tiveram como ponto de partida a ideia de que a cis heterossexualidade monogâmica era o padrão de “normalidade” e, com isso, foi desenvolvendo modos de atuação clínica para tudo aquilo que fugia à essa norma, considerando como perversão, desvio sexual ou patologia (doença).                              Pessoas “insatisfeitas” com a própria sexualidade (LGBTI+), por pressão do contexto da época em que viviam, passaram a buscar (ou foram obrigadas) por “tratamentos” psicológicos.        Essas “terapias” conversivas se destinaram a tentar modificar qualquer expressão que fugisse à essa “norma”. + Que tipo de práticas são essas? Dentre tais práticas estão: a imposição de isolamento social; quebra de vínculos afetivos; reafirmação constante de valores morais; estigmatização de pessoas LGBTI+; exposição, humilhação e ridicularização, desqualificação e julgamentos.                                    Encontra-se também, tentativas constantes de disciplinamento e regramento de qualquer comportamento considerado heterossexual, femininos ou masculinos; práticas punitivas, de tortura física e psicológica; vigilância, acompanhamento e conversas constantes com pessoas que promovem práticas de “reorientação e/ou reversão” da orientação sexual e identidade de gênero; práticas de depreciação e culpabilização; medicalização e internação; exorcismos espirituais, entre outras               Psicologia não é bagunça, nós temos regras! No Código de Ética da Psicóloga, nós temos 7 Princípios Fundamentais, onde os 2 primeiros falam: I. A Psi vai basear seu trabalho no respeito, na promoção da liberdade, dignidade, igualdade e integridade do ser humano, usando a Declaração dos Direitos Humanos como base.    II. a Psi vai trabalhar buscando promover a saúde e a qualidade de vida das pessoas, contribuindo para a eliminação de quaisquer formas de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.                  E no Art. 2º, do que é proibido na prática da Psi: a. Praticar ou ser conivente com quasiquer atos que caracterizem negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade ou opressão.     E tem mais! c. Utilizar ou favorecer o uso de conhecimento e a utilização de práticas psicológicas como instrumentos de castigo, tortura ou qualquer forma de violência.                                 e. Ser conivente com erros, faltas éticas, violação de direitos, crimes ou contravenções penais praticados por Psis na prestação de serviços.      Sem contar outros trechos do Código de Ética que falam que a profissão não é bagunça, brincadeira ou palhaçada, pra sair fazendo de qualquer jeito ou da forma que a Psi quer a seu bel prazer.                                       E por saber que só o Código de Ética não bastaria, o Conselho Federal foi além e fez mais.    Inclusive, temos resoluções específicas: Resolução CFP nº 1, de 22 de março de 1999, que estabelece normas de atuação para Psis em relação à questão da Orientação Sexual, transformando o Brasil num pioneiro nessa área.  Resolução CFP nº 1, de 29 de janeiro de 2018, que estabelece normas de atuação para Psis em relação às pessoas transexuais e travestis.        Resolução CFP nº 8, de 7 de julho de 2020, que estabelece normas de exercício profissional da psicologia em relação às violências de gênero.     Resolução CFP nº 8, de 17 de maio de 2022, que estabelece normas de atuação para Psis em relação às bissexualidades e demais orientações não monossexuais.       Psis precisam seguir as regras da profissão: Psis não podem exercer qualquer ação que favoreça a discriminação, preconceito ou a patologização de comportamentos ou práticas homoeróticas, ou de pessoas transexuais e travestis.                                         É PROIBIDO que Psis proponham, realizem ou colaborem, sob uma perspectiva patologizante, com eventos ou serviços privados, públicos, institucionais, comunitários ou promocionais que visem terapias de conversão, reversão, readequação ou reorientação de identidade de gênero ou sexual.                                  Nós Psis devemos contribuir para eliminar todas e quaisquer formas de violência, preconceito, estigmatização, patologização e discriminação em relação à pessoas LGBTI+ .    Tais práticas só causam danos! Existem evidências científicas de que tais práticas NÃO FUNCIONAM, pois focam no tratamento de um fenômeno que não é um distúrbio psicológico, desvalorizam a vida do indivíduo LGBTI+, reforçam o preconceito e causam danos às pessoas.                         São diversos os efeitos prejudiciais às pessoas que passaram por tais práticas, como: baixa autoestima, depressão, homofobia internalizada, comportamento suicida, ansiedade, exacerbado sentimento de culpa, retraimento social, uso de álcool e outras drogas, monitoramento de “trejeitos” homossexuais, comportamento sexual de risco e disfunção sexual.                   Se a Psi for antiética, cabe denúncia! Se você tiver conhecimento de algum/a/e Psi que esteja atuando de forma antiética, promovendo tais práticas ou sendo conivente com esse tipo de absurdo, DENUNCIE:  https://crppr.org.br/fazer-denuncia/

Pode esse lance de Psicóloga Cristã?

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Spoiller: NÃO! Por que não? 1º: Psis devem atuar segundo os princípios éticos da profissão, pautando seu trabalho no respeito à singularidade e diversidade de pensamentos, crenças e convicções de pessoas e grupos […];        2º: Psis devem utilizar princípios, conhecimentos e técnicas reconhecidamente fundamentados na ciência psicológica, na ética e na legislação profissional, e considerar o seguinte:            I – a laicidade como pressuposto do Estado Democrático de Direito, fundado no pluralismo e na garantia dos direitos fundamentais [art. 5º da Constituição Federal de 1988];                 II – os aspectos históricos e culturais das experiências espirituais e religiosas;            III – a dimensão da religiosidade e da espiritualidade como elemento formativo das subjetividades e das coletividades; IV – os aspectos históricos e culturais dos saberes dos povos originários, comunidades tradicionais e demais racionalidades não-hegemônicas presentes nos contextos de inserção profissional; V – as vivências a-religiosas, agnósticas e ateístas de indivíduos e grupos. 3º: A atuação Psi deve se basear no “respeito e na promoção da liberdade, da dignidade, da igualdade e da integridade”, assim como a eliminação de quaisquer formas de discriminação.   Psis NÃO PODEM: I – praticar/ser conivente com atos de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade ou opressão à crença religiosa; II – induzir a crenças religiosas ou a qualquer tipo de preconceito, no exercício profissional; III – usar ou favorecer o uso, de práticas psis como instrumentos de castigo, tortura ou qualquer forma de violência que atentem contra a liberdade de consciência e de crença religiosa, ou que se baseiem em alegações de preceitos de fé religiosa; IV – associar conceitos, métodos e técnicas da ciência psicológica a crenças religiosas; V – usar instrumentos e técnicas psis para criar, manter ou reforçar preconceitos, estigmas, estereótipos e discriminações em relação à liberdade de consciência e de crença religiosa; VI – usar título de Psi associado a vertentes religiosas; VII – exercer ações que promovam ou legitimem práticas de intolerância/racismo religioso contra indivíduos e grupos de matriz africana, indígenas e tradicionais; VIII – usar, como forma de publicidade e propaganda, suas crenças religiosas.  IX – ter ações que promovam fundamentalismos religiosos e resulte em racismo, LGBTI+fobia, sexismo, xenofobia, capacitismo ou quaisquer outras formas de violação de direitos; Temos de considerar o contexto: Devemos analisar crítica e historicamente a realidade política, econômica, social e cultural; não só a qual estamos, mas o contexto que o paciente se encontra também. Por mais que o Brasil seja recheado de religiões, ainda existem discriminações contra a liberdade religiosa. Isso afeta principalmente os grupos religiosos afro-brasileiros, as religiões minoritárias e o ateísmo. Até podem existir outras religiões, desde que sejam cristãs. Laicidade não significa evitar o tema religião: Psis fazerem uso da laicidade não é evitar o tema religião nos atendimentos. Até porque, existe uma importância nas produções subjetivas que podem ser derivadas do encontro entre a Psicologia e as crenças espirituais de cada pessoa. O discurso de ódio por alguns movimentos neopentecostais, cujo projeto teopolítico elegeu como alvo de perseguição as religiões de matriz africana em defesa violenta de seus interesses cristãos (dominação econômica, política e cultural com o extermínio em massa desse e outros alvos). E os alvos são as populações marginalizadas historicamente: pessoas negras, afro-indígenas, pobres, mulheres, pessoas com deficiência e LGBTQIA+, entre outros grupos minoritários. Sabe-se que a intolerância religiosa se faz presente, mas faz parte da conduta ética desenvolver uma postura crítica em momentos em que o saber psicológico baseado na ciência e no respeito aos direitos humanos é atacado pelo fundamentalismo religioso. A atuação Psi precisa partir de um olhar respeitoso aos mais diversos conhecimentos populares e tradicionais presentes em nosso território nacional. Psis precisam realizar uma escuta sensível e respeitosa às realidades espirituais, mas também mantendo atenção às dinâmicas ali presentes que possam vir a violar direitos humanos fundamentais. Se você tiver conhecimento de algum/a/e Psi que esteja atuando de forma antiética, promovendo tais práticas ou sendo conivente com esse tipo de absurdo, DENUNCIE!

Dinheiro trás felicidade?

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Uma vez eu ouvi alguém dizendo que dinheiro não trazia felicidade, e confesso que essa frase me fez ficar por dias refletindo. O dinheiro é uma ferramenta muito útil, até porque, nos permite adquirir bens materiais que trazem uma boa qualidade de vida, nos proporciona acesso a bens básicos como educação, saúde, além da moradia e alimentação. Mas existe também a questão do lugar que o dinheiro ocupa em nossas vidas, o seu significado e o uso que fazemos dele como símbolo de status e poder. E refletindo sobre tudo isso, percebi tamanho impacto que ele tem em nossas vidas e saúde mental. Chega até a ser infantil pensar que dinheiro não traz felicidade. Mas é claro, ele por si só não traz mesmo. Mas as portas que o dinheiro nos abre é de dar um sorrisão de orelha a orelha, principalmente por estarmos inseridos em uma sociedade capitalista, na qual o capital (dinheiro) é base. O dinheiro pode ser motivo de felicidade e união de um casal, até de brigas e intrigas entre irmãos pela herança da falecida mãe. Ostentar o dinheiro que se tem (ou não) e até esconder quanto se ganha, a forma como cada pessoa lida com dinheiro, se guarda, se gasta demais, se realiza investimentos, se está sempre endividada… tudo isso pode refletir na autoestima da pessoa, sensação de (in)capacidade ou (in)suficiência, influenciando na saúde mental. A forma como nos comportamos em relação ao dinheiro não é concreta, ela muda ao longo da nossa vida. Além de ser influenciada pelas experiências passadas, modelos familiares, crises, planos econômicos (por ex.: plano Real), pela cultura, personalidade etc. O valor do dinheiro também pode ser transmitido entre gerações, influenciando condutas e perpetuando os mais diversos padrões de comportamento. E os pais são os principais nesta história com o dinheiro, seja ensinando diretamente ou como modelos (positivo ou negativo). Podemos pegar por exemplo a geração do pós-guerra, as famílias que vieram para o Brasil, fugindo da guerra, tinham a ideia de poupar, de guardar tudo o que tinham para vida toda. Comprar somente coisas à vista de boa qualidade, para que durasse por muito tempo. E isso foi passado aos seus filhos, para uma geração que já encontrou um cenário econômico melhor, e pôde prover uma situação mais agradável aos seus filhos. Que cresceram com o entendimento de que as coisas podem ser descartadas facilmente, porque é fácil de se conquistar. E aí quando esses filhos chegaram na vida adulta, a situação econômica já não está tão boa como na de seus pais. E aí vem muitos sentimentos conflituosos. A família cobra desses filhos adultos que tenham coisas que os pais tinham na idade deles. Eles se cobram de ter uma vida estabilizada financeiramente igual a dos pais… Mas o cenário é completamente diferente, sem contar as dívidas. Hoje em dia o cenário está muito mais propenso para nos endividarmos. Uma compra básica no mercado é R$ 400,00, luz está cara, gasolina está cara. Está tudo caro. Mesmo que a nossa cultura seja capitalista, voltada ao poder e status social, na importância do dinheiro em nossas vidas… nós não o tratamos com o devido respeito. Agimos com impulsividade, através da emoção, de maneira irresponsável, muitas vezes influenciados pelos modelos que tivemos na infância ou até para impressionar alguém. Pensar sobre este tema, falar e ter um espaço para isso é importante. Precisamos deixar um pouco de lado o aspecto privado do dinheiro, para tornar público, ainda que um pouco discretamente, seus comportamentos em relação ao assunto. O dinheiro não é necessariamente um fim em si mesmo, e ele pode sim trazer felicidade.