Práticas Inadequadas de Psis na clínica com pessoas LGBTQIAPN+

A Autenticah é um centro de saúde transdisciplinar dedicado a fornecer suporte emocional e mental para a comunidade LGBTQIAPN+.

Infelizmente, ainda existem Psis… Ainda existe uma presença de nível significativo de Psis com preconceito extremo contra a diversidade sexual e de gênero, crenças éticas e psicológicas bem equivocadas sobre o que é ser LGBTI+, bem como a realização de práticas voltadas à mudança da identidade LGBTI+ com e sem o pedido dos pacientes. O pior é que além disso, ainda ficam questionando e duvidando de tudo. Questionam se a pessoa realmente quer se assumir publicamente, se seus desejos são legítimos e até interpretam de forma errada os medos e as estratégias de enfrentamento dos pacientes. Ainda existem Psis que têm a audácia de achar que a identidade LGBTI+ é falta de ter uma figura materna/paterna forte na vida da pessoa. Que absurdo, né? Mas na verdade, conforme vamos nos desenvolvendo, vamos ganhando mais ferramentas que nos ajudam a compreender nossa orientação sexual e/ou identidade de gênero, mas desde a infância, a gente já vive nossa sexualidade e identidade, mesmo que sem saber direito. Crianças LGBTI+ vivem em um cenário de falta de referência para o desenvolvimento saudável de sua identidade, uma vez que são muito recentes as referências positivas de diversidade sexual e de gênero no cotidiano e na mídia. A heterocisnormatividade é um sistema-ideologia que veicula diariamente a ideia de que se a gente não é hétero e cis, tem algo de errado com a gente, que a gente desviou do caminho “normal”. Assim, um espaço que deveria comunicar saúde se torna um lugar que só confirma as violências que a gente sofreu durante a vida toda. Ainda existem Psis que vêem a identidade LGBTI+ como consequência de um trauma vivenciado na infância e/ou adolescência. Mas isso é puro suco do senso comum, e Psi ética nenhuma deve fazer uso do senso comum em sua prática profissional. E existem 3 imperativos muito importantes nessa visão:  Por causa disso, tais Psis sempre tentam explicar qualquer coisa fora disso como um resultado de eventos traumáticos e desprazerosos. Mas Psis não estão a salvo de internalizarem padrões LGBTIfóbicos ao longo da vida, principalmente se tiverem vivido em famílias fechadas para diversidade sexual ou frequentado igrejas com discursos homofóbicos. Então, quando um paciente LGBTI+ chega no consultório de um desses Psis que não têm o preparo ideal para lidar com diversidade sexual e de gênero, a primeira coisa que vem à mente é pensar que a pessoa sofreu algum tipo de abuso sexual e/ou trauma. Também existem Psis que associam as identidades LGBTI+ a transtornos mentais. E isso é um absurdo! Psis que tentam encaixar a diversidade sexual e de gênero em doenças e querem corrigir tudo. Essas atitudes corretivas da diversidade sexual e de gênero podem estar relacionadas à falta de formação específica, à criação em famílias fechadas, a influências religiosas e políticas, entre outros fatores que afetam o modo de pensar e agir dos Psis em relação às pessoas LGBTI+. O sofrimento e adoecimento psíquico não vêm de ser LGBTI+ em si, mas sim da LGBTIfobia internalizada e institucionalizada, da marginalização e violência que a gente enfrenta.  Psis precisam entender isso e parar de usar práticas reducionistas, deterministas e discriminatórias. Têm que levar em conta que a violência que pessoas LGBTI+ sofrem, acontece em diferentes dimensões, com diferentes aspectos e em diferentes ambientes em que vivem. Psis devem reconhecer, validar e acolher o sofrimento causado pelo preconceito e pelo estigma, sem culpar a vítima. É isso que eles precisam fazer se realmente querem ajudar a saúde mental de pessoas LGBTI+.

LGBTIfobia internalizada e Saúde Mental: Caminhos para o Bem-Estar

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A LGBTIfobia Internalizada e Saúde Mental: Caminhos para a Resiliência e Bem-Estar A saúde mental da comunidade LGBTI+ é frequentemente afetada pela LGBTIfobia internalizada, seja na projeção de tais conteúdos em suas relações prejudicando seus relacionamentos, ou direcionando a si, com atitudes e comportamentos de autorrisco e autodesvalorização. Mas bora entender melhor sobre esse fenômeno: Compreendendo a LGBTIfobia Internalizada  A LGBTIfobia internalizada é a internalização de atitudes negativas e estereótipos associados à orientação sexual e/ou identidade de gênero. Pessoas LGBTI+ podem absorver preconceitos da sociedade, resultando em baixa autoestima, vergonha e culpa. Essa vivência prejudica a saúde mental e emocional. Efeitos da LGBTIfobia Internalizada  A LGBTIfobia internalizada pode levar a uma série de problemas de saúde mental, como ansiedade, depressão, isolamento social e até mesmo pensamentos suicidas. A negação de sua identidade, o medo de rejeição e a necessidade de se adequar aos padrões heterocisnormativos contribuem para uma carga emocional pesada e prejudicial. Desconstruindo a LGBTIfobia Internalizada Desconstruir a LGBTIfobia internalizada é um processo complexo, mas fundamental para a saúde mental da comunidade LGBTI+. É importante promover a autoaceitação, a autovalorização e o amor-próprio. Isso pode ser alcançado por meio do acesso a espaços seguros, terapia especializada e apoio de grupos de pares. Educação e Conscientização A educação e a conscientização desempenham um papel fundamental na luta contra a LGBTIfobiacomunidades, visando a inclusão e a diversidade. O conhecimento ajuda a desafiar estereótipos, combater preconceitos arraigados e criar um ambiente mais acolhedor. Aliados e Apoio  Aliados desempenham um papel essencial na promoção da saúde mental LGBTI+. A criação de redes de apoio, o oferecimento de um ouvido atento e a defesa dos direitos LGBTQIA+ são ações poderosas. Mostrar solidariedade e empatia contribui para a construção de um ambiente mais seguro e inclusivo. A LGBTIfobia internalizada representa um desafio para a saúde mental da comunidade LGBTI+. Ao promover a autoaceitação, a educação e o apoio mútuo, podemos superar esses obstáculos e criar um mundo onde todas as pessoas possam se sentir valorizadas, respeitadas e emocionalmente saudáveis, independentemente de sua orientação sexual ou identidade de gênero.

Dia das Bruxas Queer!

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O Halloween (ou Dia das Bruxas) tem origem nos povos celtas que habitavam regiões da Europa Central séculos atrás. Na época, era comum celebrar o Samhain – festa de 3 dias [30/out a 2/nov] para agradecer pela abundância da colheita do ano e celebrar o fim do verão. O festival marcava o início oficial do inverno, chamado por eles de “estação das trevas”. Segundo a crença, o mundo dos espíritos e deuses se tornava visível à humanidade, com o retorno de antepassados mortos e outros espíritos durante esses dias. E por receio de serem vítimas de algumas brincadeiras, feitas pelas divindades que cultuavam e outras entidades, se “disfarçavam” de animais e bestas, para se protegerem de qualquer espírito que pudessem vir a atormentá-los. Mas e quais são as entidades que atormentam pessoas LGBTI+ até hoje, e infelizmente não só no Halloween? Binarismo: Entidade binária/dual, que em suas versões mais desenvolvidas, surge como um polvo de tentáculos infinitos, que pode dar vida à outras entidades como “Tudo bem ser gay/lésbica, mas não precisa ser afeminado/masculina”, “quem é mulher/homem da relação?”, “não sou nem curto afeminados”, “como você tran$a?”, “mas você não era gay/lésbica/hétero?”, “tem certeza que não é uma fase”, “mas é porque nunca ninguém te pegou de jeito”. Essa entidade cega muitas pessoas e as fazem enxergar apenas duas formas de ser, viver e se relacionar: Ou se é homem cis ou mulher cis; ou se é hétero ou se é homossexual; ou é ativo/a ou passivo/a… Prejudica demais na autoestima e relacionamentos da pessoa LGBTI+ além das próprias relações dentro da comunidade LGBTI+. Tem certeza que não é uma fase?: Um tipo de entidade que parece inofensiva ao surgir como uma dúvida, que pode até ser genuína e na “boa intenção”, mas que pode trazer diversas invalidações e invisibilizações da identidade LGBTI+ nos mais diversos ambientes, além de afetar na integração da identidade da pessoa LGBTI+ que passa a se questionar se realmente não é uma fase, se não está confusa e se é isso mesmo. Um dos maiores prejuízos que tal entidade pode gerar, é a dificuldade da pessoa se revelar LGBTI+ e sair do armário, pois uma “perguntinha” de nada, pode fazê-la atrasar seu desenvolvimento mais autêntico e saudável. Como você transa? Entidade selvagem que aparece toda vez que uma pessoa trans se revela à alguém ou em algum espaço. É um dos tentáculos da entidade binária que atinge pessoas LGBTI+, e em especial pessoas trans. Faz com que pessoas cis/het tentem fantasiar e imaginar práticas s&xuais fora da héterocisnormatividade. Pode vir a dar pane no CIStema delas e fazer com que saiam perguntando sobre a intimidade s&xual dos outros por aí, se achando no direito de perguntar e saber. Hétero com autoestima mais de 8 mil: É aquela pessoa cis/hétero que quando descobre uma pessoa LGBTI+ próxima comenta “por mim de boa você ser LGBTI+, só não dá em cima de mim”. O perigo não está só na fadiga mental que a pessoa LGBTI+ vivencia no momento devido a audácia do cis/het achar que é a coisa mais incrível do universo que qualquer pessoa se interessaria. Mas também, na possibilidade da pessoa cis/het se sentir ameaçada de alguma forma e se defender atacando – seja de forma verbal ou física. Fiscal de carteirinha: Aparece sempre quando uma pessoa Bi/Pan fica/namora/casa com alguém pra questionar “ué, mas você nera gay?” ou “achei que tu gostava de mulher”. Tem tal comportamento pela dificuldade de entender as variações da orientação sexual, sua visão é dual, binária, tipo daltônica – preto e branco – ou você é hétero ou você é homossexual, os 2 ou mais que isso não dá. Essa entidade gera prejuízos na autoaceitação de orientações plurissexuais, como bifobia internalizada, afetando seriamente a autoestima e a qualidade das relações. Quem tira/empurra LGBTI+ pra fora do armário: Essa entidade é muito versátil, ela pode surgir incorporada numa pessoa cis/het ou em outra pessoa LGBTI+. Em ambos os casos, atropelam o próprio processo de autoconhecimento, autoidentificação e desenvolvimento da identidade da pessoa LGBTI+. Quando em uma pessoa cis/het, se dá no movimento de exposição, humilhação, culpabilização e até de punição da diversidade. Quando em outras pessoas LGBTI+ se dá num processo de estratégia de auto sobrevivência – se prestam atenção no outro, eu passo despercebido, com a influência de uma das maiores entidades: a LGBTIFobia internalizada. ATENÇÃO: Além de versátil, essa entidade é um pouco “mais fácil” de ser enfrentada, basta você se situar na sua vida e parar de querer cuidar da vida alheia. Não sou nem curto afeminados: Entidade que afeta mais especificamente homens bi e gays (cis ou trans). Acaba vindo acompanhada de uma outra entidade chamada “hipermasculinidade”, que leva a pessoa ter atitudes de compensação diante de uma visão negativa (internalizada) da orientação sexual. Além dessa compensação, faz o homem bi/gay (cis ou trans) ter uma postura de antiafeminação contra outros homens bi/gay (cis ou trans). Também dá maior importância à masculinidade de suas parcerias. Essa entidade acaba por reproduzir demais o machismo, misoginia e LGBTIfobia que existe na estrutura social. E prejudica na construção de relações autênticas e saudáveis, além é claro, de atrapalhar na vivência mais autêntica do homem bi/gay (cis ou trans). Marmita de Casal: Tal entidade aparece quando um casal decide vivenciar uma experiência menos monogâmica na relação, introduzindo outras pessoas na relação. O prejuízo se dá, quando esse casal não se comunica adequadamente, tanto entre si quanto com a pessoa que irá participar, sobre limites e demais combinados. E passam a “usar” a 3ª pessoa, objetificando ela e lhe colocando na obrigação de tapar “buracos” que já existiam na relação. Essa pessoa corre o risco de ter a autoestima rebaixada e a vivenciar dificuldades para se relacionar de forma mais autêntica e profunda em outras relações, com o medo de reviver o que passou com o casal. Meio LGBTIfóbico: Essa entidade aparece quando a pessoa LGBTI+ convive em algum ambiente que ela sabe ou desconfia que não seria aceita por

Manifesto Bissexual Brasileiro.

Manifesto Bissexual Brasileiro

Lutamos. A luta bissexual não é recente e tampouco silenciosa. Há décadas batalhamos por nossos direitos contra as muitas opressões que buscam apagar a nossa existência. Lutamos para nos vermos, nos cuidarmos e nos orgulharmos de quem somos. O monossexismo impõe um padrão que privilegia monossexuais (heterossexuais, lésbicas e gays) em detrimento das pessoas bissexuais. É dele que deriva a bifobia: a opressão social que tem como alvo a não-monossexualidade. Este sistema reforça oposições binárias e a norma cisheterossexual e machista, limitando as possibilidades do ser. Existimos. Bissexuais são pessoas para quem o gênero não é um fator determinante da atração sexual ou afetiva. Não existe um jeito certo ou errado de ser bissexual, apenas somos. Nossa sexualidade existe de forma plena e possui uma história própria que nos permite estarmos hoje aqui, com orgulho de ser quem somos. Somos também pessoas negras, gordas, trans, com deficiência, neurodivergentes, indígenas, pobres, intersexo, vivendo com HIV/AIDS e de todas as regiões do país. Somos mais. Enfrentamos. A violência bifóbica tem muitas formas. A bifobia faz com que seja ainda mais difícil e exaustivo sairmos do armário para as pessoas importantes das nossas vidas, em locais de trabalho, de estudo, mais ainda no ambiente familiar. Nossos índices de saúde mental e uso abusivo de álcool e outras drogas são extremamente preocupantes. Somos suscetíveis a violência conjugal e sexual com mais frequência. Repetidamente pessoas bissexuais são rotuladas de forma bifóbica como vetores de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). Há uma associação da bissexualidade com comportamentos patológicos que nos torna “objeto de correção” em consultórios psicológicos e médicos. O número de tentativas de suicídio de bissexuais é tão alto que ignorá-lo contribui para nossa morte. É inaceitavel a existência do estupro corretivo, que vitima predominantemente mulheres negras, e que acontece sob o pretexto de correção da sexualidade por meio da prática de violência sexual contra quem não está dentro da cis e/ou heterossexualidade. Rompemos. A bifobia opera de forma estruturante em todos os espaços da sociedade, apagando, agredindo e discriminando a monodissidência, termo que se refere às pessoas para quem o gênero não é um fator determinante em sua atração sexual e/ou romântica, como bissexuais e outras pessoas não monossexuais. Tal apagamento constrói camadas silenciosas de violência que degradam o bem-estar das pessoas bissexuais. A heterossexualidade compulsória intersecciona esta opressão, cerceando qualquer expressão ou vivência dissidente do padrão. Como a atração afetiva e sexual direcionada a um gênero distinto do nosso é parte da nossa sexualidade, muitas pessoas bissexuais entendem-se de tal forma em momentos mais avançados na vida. Nos negam o direito a uma autodescoberta alinhada ao desenvolvimento da infância e adolescência. Transgredimos. Os papéis engessados de gênero nos oprimem e ditam como e para quem devemos direcionar nosso afeto e atração. Das mulheres cis espera-se uma sexualidade centrada no homem cis hétero, em que nossos desejos e práticas existam para servir ao outro; o relacionamento entre mulheres cis é frequentemente deslegitimado e fetichizado. Dos homens cis nos é cobrada uma masculinidade rígida e dominante, pois qualquer ideia que fuja à heterossexualidade desmonta a figura do macho, como se todo homem bi fosse, no fundo, um gay enrustido. Travestis e pessoas trans, por outro lado, são destratadas como uma miscelânea desviante de gênero e sexualidade, como meras aberrações, objetos sexuais, excluídas de qualquer conversa dentro da norma social. O CIStema nega nosso direito à educação, empregos, oportunidades, moradia e até mesmo o direito de usar banheiros, fazendo questão de nos privar do mais básico para sobreviver, ao mesmo tempo em que passamos por puro terror no sistema de saúde como um todo, mais causando problemas de saúde do que tratando. Exigimos. Quando profissionais da saúde nos recebem nos serviços públicos e privados presumindo que somos monossexuais, torna-se evidente o controle da nossa sexualidade ditado por padrões corporais e de gênero. O sistema de saúde não pode seguir negando nossas existências. É urgente compreender as bissexualidades nos protocolos de atendimento e nas práticas de promoção da saúde e prevenção de doenças. Exigimos que as políticas públicas garantam nosso acesso à saúde de forma universal e igualitária. Nossa Saúde Sexual e Reprodutiva deve entender que, no caso de pessoas com útero o direito ao aborto seguro protege nossas vidas, assim como no caso de pessoas intersexo a extinção de intervenções cirúrgicas e medicamentosas sem consentimento, garante o nosso direito de existir. Preservar e promover nossa saúde mental amplia o exercício de nossas potencialidades e garantir o uso do nome social reconhece nossas identidades. É a partir do engessamento das construções sociais dos corpos e descaso da saúde que coisas tenebrosas como cirurgias invasivas e não consentidas em pessoas intersexo se proliferam desde literalmente o nascimento, negando a existência às pessoas que nascem com configurações genitais e reprodutivas diferentes do binário idealizado. Propomos o rompimento das caixas em que nos obrigaram a entrar. Persistimos. Nós nos vemos de fora dos espaços LGBTI+, pois insistem em afirmar que nossa identidade bissexual “não é desviante o bastante”, que “podemos nos disfarçar de heterossexuais” ou devemos “nos assumir gays e lésbicas”. Somos aquelas pessoas toleradas quando é interessante, raramente citadas e ativamente excluídas das decisões de nossa comunidade. O acolhimento frente à exclusão social que a comunidade LGBTI+ presta de forma geral não abrange nossa população, como podemos observar no nosso afastamento de vários desses lugares enquanto transitamos por um não-lugar, até encontrarmos o movimento bissexual ou as raras exceções realmente bi-inclusivas de movimentos mistos. Apesar disso, seguimos fazendo o que muitas pessoas antes de nós fizeram: demarcando nossa presença e utilizando nossa voz para levar nossas pautas em comum adiante. Há décadas, militantes e ativistas bissexuais estão combatendo na linha de frente junto a lésbicas, gays e pessoas trans monossexuais, enfrentando a LGBTfobia e trabalhando pela nossa comunidade. Mas também surgiu a necessidade de trilharmos um caminho de uma Frente Bissexual Brasileira autônoma, para que nossa voz seja cada vez mais ouvida e a bifobia seja reconhecida e enfrentada. Que a nossa história seja conhecida e lembrados nossos nomes

Dia Internacional de Combate à LGBTIfobia.

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O dia 17 de maio é uma data de extrema importância no calendário internacional, pois marca o Dia Internacional de Combate à LGBTIfobia. Essa data é um lembrete essencial da luta contínua pela igualdade, respeito e dignidade das pessoas LGBTI+ em todo o mundo. É um momento para refletirmos sobre os desafios enfrentados pela comunidade e para renovarmos o compromisso de construir uma sociedade mais inclusiva e justa. A LGBTIfobia, infelizmente, ainda é uma realidade que muitas pessoas enfrentam diariamente. Essa forma de preconceito e discriminação pode se manifestar de diferentes maneiras, desde a violência física e verbal até a exclusão social e a negação de direitos básicos. Essas experiências negativas têm um impacto profundo na vida das pessoas LGBTI+, causando sofrimento, isolamento e até mesmo colocando suas vidas em risco. Ao reconhecer o dia 17 de maio como o Dia Internacional de Combate à LGBTIfobia, buscamos promover a conscientização e mobilizar a sociedade para acabar com todas as formas de discriminação e violência baseadas na orientação sexual e identidade de gênero. É um momento para educar e informar sobre a importância do respeito à diversidade sexual e de gênero, fortalecendo os laços de solidariedade e empatia. Não é só não sofrer preconceito na rua… Essa data também serve como um lembrete da importância de políticas públicas efetivas e leis que protejam os direitos das pessoas LGBTI+. É fundamental que governos, instituições e sociedade civil se unam em um esforço conjunto para promover a igualdade e a inclusão, garantindo que todas as pessoas possam viver suas vidas livremente, sem medo de perseguição ou discriminação. Além disso, o Dia Internacional de Combate à LGBTIfobia nos convida a refletir sobre nossas próprias atitudes e comportamentos. É um momento para questionarmos estereótipos, preconceitos enraizados e reavaliarmos nossos próprios preconceitos inconscientes. É necessário cultivar a empatia, o respeito e a compreensão, reconhecendo que todas as pessoas têm o direito inalienável de viverem sua autenticidade, expressando sua identidade de gênero e orientação sexual livremente. É importante destacar que a luta contra a LGBTIfobia não se limita apenas a um dia no calendário, mas deve ser uma prioridade constante. A promoção dos direitos humanos e da igualdade é uma tarefa contínua que requer a colaboração de todos os setores da sociedade. Somente através do diálogo aberto, da educação e do respeito mútuo poderemos construir um mundo onde todas as pessoas, independentemente de sua orientação sexual ou identidade de gênero, sejam tratadas com dignidade e igualdade. Neste Dia Internacional de Combate à LGBTIfobia, unamo-nos em solidariedade à comunidade LGBTI+, reafirmando nosso compromisso de combater a discriminação e a violência. Juntos, podemos construir um futuro mais inclusivo, onde todos sejam valorizados e respeitados por quem são.

LGBTQIAPN+ na sociedade LGBTIfóbica.

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A nossa sociedade é moldada a partir de normas e padrões, usando como referência o homem branco, heterossexual, urbano, de classe média e cristão, com o objetivo de disciplinar e controlar. Tudo o que vai contra esse padrão é visto como “anormal”, estando vulnerável a qualquer tipo de violência. Toda e qualquer pessoa que vá em desencontro com tais características passa a ser vista como uma pessoa “sem valor” social, como é o caso das pessoas LGBTs, que são julgadas, humilhadas, escrachadas, violentadas e assassinadas apenas por ser o que são e amar à sua maneira. O Brasil continua sendo um dos países mais LGBTfóbicos do mundo. Atualmente, o Brasil é o país que mais mata transsexuais, sendo eleito pela 12ª vez em um levantamento realizado pela Associação Nacional de Transexuais e Travestis (Antra) em 2020. Só em 2019, 329 pessoas LGBTs foram assassinadas no país. A homofobia engloba atitudes preconceituosas e negativas em relação a tudo o que se refere ao universo homossexual (LGBTQIA+), tais como aversão, desprezo, ódio, desconfiança, desconforto ou medo. O homofóbico também pode ser chamado de “homoignorante”, como forma de ressaltar o desconhecimento de muitos heterossexuais acerca da homossexualidade. A homofobia social e cultural tem como base a crença de que tudo o que foge do padrão ameaça a estrutura social patriarcal, na qual os valores masculinos predominam. Dessa forma, o homossexual é identificado como feminino, logo, é considerado inferior na escala social. Isso significa que as mulheres também são consideradas inferiores dentro da lógica do padrão da sociedade heteronormativa, que revela uma imposição social para ser ou se comportar de acordo com os papéis de cada gênero.  A homofobia vai além da utilização de termos pejorativos para designar as pessoas LGBTs (bicha, boiola, sapatão, traveco) e está presente quando se invisibiliza e se desconsidera as estatísticas sobre o tamanho dessa população e a sua importância social. Você tem noção do tamanho da comunidade LGBTQIA+ de Ponta Grossa e Campos Gerais? E, quando dá visibilidade, a mídia muitas vezes o faz de forma preconceituosa. Também é homofobia quando a sociedade nega as contribuições e realizações positivas de pessoas LGBTs nos campos cultural, científico, artístico, político etc. Você sabia que hoje temos computadores graças ao “pai da computação moderna”, Alan Turing, que era homossexual?  A forma mais evidente que temos da homofobia enraizada e institucionalizada na nossa sociedade é a suposição de que todos são heterossexuais, é a suposição que faz as dizerem, nos chás de bebês, “se for menina é rosa e menino é azul”. É homofobia quando projetamos comportamentos, atitudes e crenças sobre as pessoas LGBTs, reproduzindo estereótipos negativos, como, por exemplo, dizer que homossexuais são molestadores sexuais ou que são promíscuos. A homossexualidade deixou de ser considerada doença mental em 1990 pela Organização Mundial da Saúde (OMS). E, em 1999, o Conselho Federal de Psicologia se pronunciou oficialmente através da Resolução 01/1999, não reconhecendo a homossexualidade como doença, distúrbio ou perversão, mas como uma das possibilidades de expressão da sexualidade, proibindo, inclusive, qualquer prática que tenha como objetivo “curar” os sujeitos homossexuais. A identidade homossexual é uma expressão natural da sexualidade humana e não é inferior à identidade heterossexual. O maior problema, e o principal responsável por muitos conflitos internos das pessoas LGBTs, é a própria homofobia incrustada no meio em que são criadas. O profissional de psicologia que atende tais pessoas precisa compreender esse contexto e ajudá-las a desenvolver uma identidade positiva, transmitindo profundo respeito por sua sexualidade, autenticidade, cultura e estilo de vida.  As pessoas LGBTs crescem e vivem em um ambiente heterocentrado e homofóbico, sendo constantemente bombardeadas com significados negativos sobre si mesmas e a sua natureza, além de estarem sujeitas a diversas formas de abuso, violência e discriminação. É papel da psicóloga ajudar o paciente a compreender que tais sentimentos negativos são resultado da opressão social ao qual foram expostas, e não de uma sexualidade patológica.

Dinheiro trás felicidade?

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Uma vez eu ouvi alguém dizendo que dinheiro não trazia felicidade, e confesso que essa frase me fez ficar por dias refletindo. O dinheiro é uma ferramenta muito útil, até porque, nos permite adquirir bens materiais que trazem uma boa qualidade de vida, nos proporciona acesso a bens básicos como educação, saúde, além da moradia e alimentação. Mas existe também a questão do lugar que o dinheiro ocupa em nossas vidas, o seu significado e o uso que fazemos dele como símbolo de status e poder. E refletindo sobre tudo isso, percebi tamanho impacto que ele tem em nossas vidas e saúde mental. Chega até a ser infantil pensar que dinheiro não traz felicidade. Mas é claro, ele por si só não traz mesmo. Mas as portas que o dinheiro nos abre é de dar um sorrisão de orelha a orelha, principalmente por estarmos inseridos em uma sociedade capitalista, na qual o capital (dinheiro) é base. O dinheiro pode ser motivo de felicidade e união de um casal, até de brigas e intrigas entre irmãos pela herança da falecida mãe. Ostentar o dinheiro que se tem (ou não) e até esconder quanto se ganha, a forma como cada pessoa lida com dinheiro, se guarda, se gasta demais, se realiza investimentos, se está sempre endividada… tudo isso pode refletir na autoestima da pessoa, sensação de (in)capacidade ou (in)suficiência, influenciando na saúde mental. A forma como nos comportamos em relação ao dinheiro não é concreta, ela muda ao longo da nossa vida. Além de ser influenciada pelas experiências passadas, modelos familiares, crises, planos econômicos (por ex.: plano Real), pela cultura, personalidade etc. O valor do dinheiro também pode ser transmitido entre gerações, influenciando condutas e perpetuando os mais diversos padrões de comportamento. E os pais são os principais nesta história com o dinheiro, seja ensinando diretamente ou como modelos (positivo ou negativo). Podemos pegar por exemplo a geração do pós-guerra, as famílias que vieram para o Brasil, fugindo da guerra, tinham a ideia de poupar, de guardar tudo o que tinham para vida toda. Comprar somente coisas à vista de boa qualidade, para que durasse por muito tempo. E isso foi passado aos seus filhos, para uma geração que já encontrou um cenário econômico melhor, e pôde prover uma situação mais agradável aos seus filhos. Que cresceram com o entendimento de que as coisas podem ser descartadas facilmente, porque é fácil de se conquistar. E aí quando esses filhos chegaram na vida adulta, a situação econômica já não está tão boa como na de seus pais. E aí vem muitos sentimentos conflituosos. A família cobra desses filhos adultos que tenham coisas que os pais tinham na idade deles. Eles se cobram de ter uma vida estabilizada financeiramente igual a dos pais… Mas o cenário é completamente diferente, sem contar as dívidas. Hoje em dia o cenário está muito mais propenso para nos endividarmos. Uma compra básica no mercado é R$ 400,00, luz está cara, gasolina está cara. Está tudo caro. Mesmo que a nossa cultura seja capitalista, voltada ao poder e status social, na importância do dinheiro em nossas vidas… nós não o tratamos com o devido respeito. Agimos com impulsividade, através da emoção, de maneira irresponsável, muitas vezes influenciados pelos modelos que tivemos na infância ou até para impressionar alguém. Pensar sobre este tema, falar e ter um espaço para isso é importante. Precisamos deixar um pouco de lado o aspecto privado do dinheiro, para tornar público, ainda que um pouco discretamente, seus comportamentos em relação ao assunto. O dinheiro não é necessariamente um fim em si mesmo, e ele pode sim trazer felicidade.